A bandeira, o
fado, o galo de Barcelos estão na moda. É bom de se ver que, por estes tempos, valorizamos
o que temos de bom. É bom pensar que não é só uma questão de moda mas sim a
mudança em curso.
E é bom ver que
os jovens de hoje, filhos de outra geração de jovens, ao contrário dos seus
pais, lidam de bem com os nossos símbolos. É bom não se conotar o verde e
vermelho com o foleiro, é bom gostar de ouvir fado, é lindo, e fica bem na
nossa casa, o vistoso galo de Barcelos!
Quer isto
dizer que Portugal está a perder a vergonha de si mesmo? No que aos seus
símbolos diz respeito bem pode fazê-lo! Pequenos gestos e intervenções de alguns
têm contribuído para esta outra forma de amarmos o que é nosso. Lembro o fulgor
e o ânimo com que o Scolari apelou a todos nós o uso da bandeira nacional e
como isso mudou a nossa relação com ela, sigo com interesse a actual intervenção
da Joana Vasconcelos na reanimação de particularidades da nossa tradição
ligadas ao artesanato, ao crochet, ao tricot. Apenas dois exemplos, outros não faltarão.
Mas, o tema é
o galo de Barcelos! Emproado, com motivos de sobra para tal, não lhe bastava a
vasta crista vermelha, agora há-os para todos os gostos…mais para o clássico (com
corações vermelhos e outros motivos coloridos em fundo preto), outros com
vestimenta adaptada à tradição de cada região e outros, ainda, todos cheios de
estilo, com design actual…
Mas o que
sabemos nós do galo de Barcelos? Que história tem por trás? Quem o criou? Eu
nada sei, ou melhor, agora já sei alguma coisa porque me despertou a
curiosidade e fui pesquisar. Tem por trás uma lenda engraçada. Deixo aqui um
pouco dessa história para despertar outras curiosidades.
Criação artística:O berço desta criação será a freguesia de Galegos Santa Maria e o seu criador artístico (quem terá feito o primeiro galo) terá sido Domingos Côto.
“Com efeito, esta figura típica da louça de Barcelos, de fundo
escuro, crista vermelha, pintalgada de corações (o mais vulgar), teve o seu
nascimento em Galegos Santa Maria, pela mão do Oleiro Domingos Côto, na década
de trinta. Primeiramente o galo era feito à mão, começou depois a ser fabricado
à roda e em série, de todos os tamanhos, em quantidades industriais. Hoje corre
mundo como embaixador de Portugal. “
“Em 1935 está presente em Genebra, na Exposição de Arte Popular Portuguesa. Um ano mais tarde, esta exposição repete-se, em Lisboa, com um extraordinário sucesso
É com mais convicção
que, a partir das décadas de 50 e 60,
o Galo de Barcelos
se transforma em símbolo do turismo nacional e ícone de identidade de
uma nação.”
Lenda:
"Segundo
a lenda, os habitantes de Barcelos andavam alarmados com um crime, do qual
ainda não se tinha descoberto o criminoso que o cometera. Certo dia, apareceu
um galego que se tornou suspeito. As autoridades resolveram prendê-lo, apesar
dos seus juramentos de inocência, que estava apenas de passagem em peregrinação a Santiago de Compostela, em cumprimento duma promessa.
Condenado
à forca, o homem pediu que o levassem à presença do juiz que o condenara.
Concedida a autorização, levaram-no à residência do magistrado, que nesse
momento se banqueteava com alguns amigos. O galego voltou a afirmar a sua
inocência e, perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado
que estava sobre a mesa e exclamou: “É
tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me
enforcarem.“
O
juiz empurrou o prato para o lado e ignorou o apelo, mas quando o peregrino
estava a ser enforcado, o galo assado ergueu-se na mesa e cantou. Compreendendo
o seu erro, o juiz correu para a forca e descobriu que o galego se salvara
graças a um nó mal feito. O homem foi imediatamente solto e mandado em paz.
Alguns
anos mais tarde, o galego teria voltado a Barcelos para esculpir o Cruzeiro do Senhor do Galo
em louvor à Virgem Maria e a São Tiago."
Sem comentários:
Enviar um comentário