Ei-los que
partem…
e não é só a
perda dos que nos são mais próximos (família ou amigos) que nos marca.
Apesar de nunca ter conhecido James Gandolfini, e de ele não ter tido a mínima ideia
de que eu existo, ele existiu na minha vida, fez-me companhia, deu-me prazer,
fez-me rir, chorar e pensar …enquanto Tony Soprano, entrou em minha casa meses
a fio, durante todas as semanas, série a série, todas as séries. Os Sopranos, e
especialmente aquele multifacetado mafioso, fizeram parte da minha vida. Por
isso, a morte de James Gandolfini tocou-me.
As
características que emprestou à personagem de Tony Soprano fizeram de um
mafioso, à partida desinteressante, se tivermos como ponto de partida o seu
físico, uma figura carismática. Atrevo-me a dizer que nunca vi um actor capaz
de dotar uma personagem com tanta heterogeneidade de expressões. Conseguiu, num
só papel, transmitir-nos pura autenticidade num sorriso tímido e algo trapalhão,
ar de pai de família bonacheirão, mulherengo caprichoso, amante atencioso ou de
ocasião, marido zeloso e controlador, caridoso, defensor de causas justas e,
claro, implacável líder e defensor das suas próprias causas…
Fica-me a
imensa vontade de rever todos os episódios, algumas cenas inesquecíveis, as
suas conversas com a psiquiatra, especialmente a cena em que ela está prestes a
confessar-lhe que tinha sido violada, a cena em que ele tem um envolvimento amoroso
com uma amputada e a forma carinhosa com que lida com a situação…verdadeiramente
único!
Claro, que a
escrita da série (recentemente premiada como a melhor de sempre, e que eu
subscrevo) não é a ele que lhe cabe mas coube-lhe a ele conseguir passar as
emoções.
James
Gandolfini, até sempre.