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quarta-feira, 21 de março de 2018

Shameless


 

Shame! Vergonha…só agora me disponho a dedicar algumas palavras a Shameless!!! Uma das minhas séries preferidas….

Shameless (versão norte-americana) ou No limite, título adoptado em Portugal (na minha opinião, dos raros casos em que o título em português não fica aquém do título original) é uma série mesmo NO LIMITE…a vários níveis! A história (criação de Paul Abbot) está muito bem contextualizada nos diversos temas da sociedade actual e os bons alicerces das personagens permitem a sólida continuidade ao longo das temporadas; os actores escolhidos para as desempenhar não podiam ser melhores; as situações retratadas são um misto perfeito entre o trivial e o surreal ou entre o trágico e a comédia…e tudo isto é vivido a uma rapidez estonteante…hoje, agora! Porque amanhã logo se vê…


Tendo uma família como núcleo, os mais diversos assuntos como drogas, sexo, álcool, fome, desemprego, armas, gravidez precoce, doença, roubo, homossexualidade, exploração infantil, tráfico de seres humanos…são muito bem enquadrados no dia-a-dia e evolução daquela família. Assuntos fortes abordados de forma crua mas inteligentemente equilibrada com um contrapeso de humor negro absolutamente divinal!

Ficção para nós, para quem interpreta, mas a realidade é que há vidas que se vivem no limite…da fome, da decência, da dignidade, da vergonha.
Naquela família todos são testados até ao limite e cada um tem o seu, por vezes estes limites são ultrapassados quer seja pelo bem ou pelo mal e, até aqui, é preciso imaginação e esta não falta!


Seis irmãos, filhos de mãe bipolar, ausente, e de pai alcoólico que quando está presente está sempre envolto em esquemas cujo objetivo ou é dinheiro, álcool ou drogas, vivem o dia-a-dia no limbo…no fundo trata-se de conseguir sobreviver HOJE porque amanhã…nunca se sabe! Sobrevivem no seio do amor e da inter protecção que nutrem uns pelos outros. O papel de mãe é desempenhado pela irmã mais velha (Fiona) para quem a família está sempre em primeiro plano e que se desdobra em trabalhos precários para conseguir os mínimos do sustento ao mesmo tempo que, de forma desenfreada e promíscua, busca o amor; há também um irmão super inteligente, Lip, que tendo conseguido o acesso à Universidade, luta contra a dependência do álcool. No fundo, inteligentes são todos eles, cada um à sua maneira…pudera! Desde pequenos tiveram que desenvolver competências para conseguirem sobreviver sem supervisão parental! O problema é que nem todos aproveitam essas competências para as melhores saídas. E é assim que vamos assistindo ao crescimento do pequeno Carl no mundo da delinquência e crime (o seu sonho é ser um criminoso bem sucedido…embora a determinada altura venha a descobrir que o lado da Lei também tem o seu fascínio!); o irmão Ian assume a sua homossexualidade ao mesmo tempo que combate os efeitos da doença que herdou da mãe; A mana Debbie, mente curiosa e com gosto pela escola, quer crescer à pressa e, de forma penosa, vai confundindo tudo e todos e acaba por ser mãe adolescente; o irmãozinho Liam (quem é o pai?) sentiu na pele, cedo demais, o contexto de uma família disfuncional. Paralelamente vão coexistindo com a amizade incondicional de um casal vizinho (Kev e V.) e com esta relação aprendemos o real significado da amizade. Tudo se partilha e nada se nega! 

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