Shame! Vergonha…só agora me
disponho a dedicar algumas palavras a Shameless!!! Uma das minhas séries
preferidas….
Shameless (versão
norte-americana) ou No limite, título
adoptado em Portugal (na minha opinião, dos raros casos em que o título em
português não fica aquém do título original) é uma série mesmo NO LIMITE…a
vários níveis! A história (criação de Paul Abbot) está muito bem
contextualizada nos diversos temas da sociedade actual e os bons alicerces das
personagens permitem a sólida continuidade ao longo das temporadas; os actores
escolhidos para as desempenhar não podiam ser melhores; as situações retratadas
são um misto perfeito entre o trivial e o surreal ou entre o trágico e a
comédia…e tudo isto é vivido a uma rapidez estonteante…hoje, agora! Porque
amanhã logo se vê…
Tendo uma família como
núcleo, os mais diversos assuntos como drogas, sexo, álcool, fome, desemprego, armas,
gravidez precoce, doença, roubo, homossexualidade, exploração infantil, tráfico
de seres humanos…são muito bem enquadrados no dia-a-dia e evolução daquela
família. Assuntos fortes abordados de forma crua mas inteligentemente
equilibrada com um contrapeso de humor negro absolutamente divinal!
Ficção para nós, para quem
interpreta, mas a realidade é que há vidas que se vivem no limite…da fome, da
decência, da dignidade, da vergonha.
Naquela família todos são
testados até ao limite e cada um tem o seu, por vezes estes limites são
ultrapassados quer seja pelo bem ou pelo mal e, até aqui, é preciso imaginação
e esta não falta!
Seis irmãos, filhos de mãe
bipolar, ausente, e de pai alcoólico que quando está presente está sempre
envolto em esquemas cujo objetivo ou é dinheiro, álcool ou drogas, vivem o
dia-a-dia no limbo…no fundo trata-se de conseguir sobreviver HOJE porque
amanhã…nunca se sabe! Sobrevivem no seio do amor e da inter protecção que
nutrem uns pelos outros. O papel de mãe é desempenhado pela irmã mais velha (Fiona)
para quem a família está sempre em primeiro plano e que se desdobra em
trabalhos precários para conseguir os mínimos do sustento ao mesmo tempo que,
de forma desenfreada e promíscua, busca o amor; há também um irmão super
inteligente, Lip, que tendo conseguido o acesso à Universidade, luta contra a
dependência do álcool. No fundo, inteligentes são todos eles, cada um à sua
maneira…pudera! Desde pequenos tiveram que desenvolver competências para conseguirem
sobreviver sem supervisão parental! O problema é que nem todos aproveitam essas
competências para as melhores saídas. E é assim que vamos assistindo ao crescimento
do pequeno Carl no mundo da delinquência e crime (o seu sonho é ser um
criminoso bem sucedido…embora a determinada altura venha a descobrir que o lado
da Lei também tem o seu fascínio!); o irmão Ian assume a sua homossexualidade
ao mesmo tempo que combate os efeitos da doença que herdou da mãe; A mana
Debbie, mente curiosa e com gosto pela escola, quer crescer à pressa e, de
forma penosa, vai confundindo tudo e todos e acaba por ser mãe adolescente; o
irmãozinho Liam (quem é o pai?) sentiu na pele, cedo demais, o contexto de uma
família disfuncional. Paralelamente vão coexistindo com a amizade incondicional
de um casal vizinho (Kev e V.) e com esta relação aprendemos o real significado
da amizade. Tudo se partilha e nada se nega!
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